Segundo noticiaram os meios de comunicação social da China Continental, o novo coronavírus (SAR-CoV-2) tinha sido detectado em produtos alimentares da cadeia de frio, tendo testes recentes de ácido nucleico ao interior e exterior de embalagens de tâmaras processadas (recheadas com amêndoa), às de cerejas e a cerveja importada vendida em diferentes cidades da China produzido resultados positivos. Estes produtos alimentares ficaram subitamente sob os holofotes dos meios de comunicação social, sendo compreensível que alguns consumidores se mostrem hesitantes em comprá-los ou consumi-los. No entanto, o que significa quando um produto alimentar ou a sua embalagem apresentam resultado positivo no teste de ácido nucleico? Será que os consumidores contrairão o vírus ao tocarem no produto ou ao consumi-lo? Serão os produtos alimentares importados realmente seguros para serem consumidos? Vamos procurar responder a estas questões usando uma abordagem científica e racional.
Produtos alimentares apresentam resultado positivo no teste de ácido nucléico = contrairão as pessoas o vírus ao tocarem nos produtos ou ao consumi-los?
A presente pandemia global de COVID-19 foi causada por um novo tipo de coronavírus (SARS-CoV-2), um vírus com RNA de cadeia única. Este vírus transmite-se infectando sobretudo as vias respiratórias, através de gotículas respiratórias provenientes de pessoas infectadas com quem estivemos em contacto próximo. A presença do vírus pode ser detectada pela reacção em cadeia em tempo real da polimerase (RT-PCR) e amplificando os fragmentos de RNA do SARS-CoV-2 até obtermos quantidades detectáveis. Quando um produto alimentar produz um resultado positivo neste tipo de teste de ácido nucleico, isso significa apenas que existem fragmentos genéticos de SARS-CoV-2 presentes, mas não necessariamente que o produto testado contenha o vírus SARS-CoV-2 vivo, a única forma em que a doença é transmissível.
Um resultado de teste de ácido nucleico positivo indica que a amostra testada pode conter o vírus SARS-CoV-2 vivo, morto ou apenas fragmentos dele; no entanto, apenas o vírus vivo tem capacidade transmissora. Logo, um resultado positivo não significa necessariamente que a amostra testada seja capaz de transmitir o vírus. Adicionalmente, as pessoas só ficam infectadas quando uma carga viral suficiente do vírus vivo penetra o corpo humano.
Quando um produto alimentar testa positivo ao ácido nucleico, isso pode indicar que ele vem de locais com alta incidência de COVID-19, na medida em que as pessoas podem ser infectadas com o vírus SARS-CoV-2 ao inspirarem gotículas contendo o vírus, ao estarem em contacto próximo com outras pessoas ou ingerirem alimentos contaminados pelo vírus. Além disso, os produtos alimentares e suas embalagens não têm condições para hospedarem o vírus SARS-CoV-2, mesmo que este conseguisse sobreviver nesses meios. Até ao momento e de acordo com os dados e informações divulgados pelas autoridades da China Continental, a esmagadora maioria dos casos em que produtos alimentares da refrigerados ou congelados ou respectivas embalagens acusaram positivo no teste ao vírus SARS-CoV-2, a contaminação foi ligeira e a probabilidade de vírus vivos sobreviverem nas condições acima descritas era baixa. Por isso, o risco de os consumidores contraírem o vírus através dos alimentos é muito baixo.
Produtos alimentares testam positivo no teste de ácido nucléico ≠ as pessoas contraírem o vírus ao tocar nos produtos alimentares ou ao consumi-los. Reflicta sobre isto de uma forma científica e racional.
Como impedir a infecção por COVID-19 através do contacto com alimentos?
Com as precauções contra o COVID-19 a tornarem-se parte da vida quotidiana, os habitantes devem adoptar práticas diárias de higiene alimentar e outras contra o COVID-19. Assim, deve manter não só uma boa higiene pessoal e práticas que assegurem a salubridade, como também deve usar a sua máscara correctamente e praticar o distanciamento social sempre que saiam para comprar comida. Chegados das compras, devem desinfectar as mãos com um gel anti-séptico à base de álcool. Antes de os consumir, devem lavar sempre bem a fruta e vegetais com água corrente (não devem lavar os alimentos de detergentes, pois podem deixar resíduos químicos nas superfícies). A fruta que necessite ser descascada ou cortada também deve ser previamente lavada. Por último, desde que pratiquemos “5 Dicas de Segurança Alimentar” e tenhamos os cuidados atrás referidos, poderemos saborear os alimentos sem preocupações.
